Bilhó, localiza-se
no extremo Este de Mondim de Basto, concelho a
que pertence, na margem esquerda do Rio Cabril,
entre as serras da Toutuça e da Coriscada.
Detentora de uma área de 2.884 hectares,
que agrega ainda os lugares de Anta, Bobal, Cavernelhe,
Covelo, Pioledo, Travassos e Vila Chã,
a freguesia de Bilhó tem como limites os
concelhos de Ribeira de Pena e de Vila Real.
A existência de vestígios de construções
dolménicas e de necrópoles são
a prova de que este local foi habitado desde o
segundo milénio antes de Cristo, e que
os povos por aqui continuaram durante o primeiro
milénio antes de Cristo. Assim sendo, o
povoamento inicial destas terras ter-se-á
efectuado a partir de uma dessas fortificações
castrejas.
Durante a época de dominação
romana começaram a surgir, nas terras mais
baixas, as “villas” rústicas.
Bilhó, depois de ter estado sob administração
por condados e pelas tenências, assistiu
ao poder dos representantes régios. Assim,
no século XII, mais concretamente em Abril
de 1196, D. Sancho I concedeu carta de foral a
Ermelo, extensiva à freguesia de Bilhó.
D. Afonso II, em Março de 1218, confirmou
esta carta aos “povoadores de Ermelo e Oveloo”.
Nas Inquirições de 1220, esta povoação
surge sob o nome de “S. Salvador de Oveloo”
e é referenciada em conjunto com Ermelo,
pertencendo à “terra” de Celorico.
Bilhó fez parte do concelho de Ermelo
até 31 de Dezembro de 1853, data em que
este foi extinto, passando então para o
de Mondim de Basto. Em meados do século
XIX, devido à supressão do concelho
de Mondim de Basto, a freguesia de Bilhó
foi anexada ao de Celorico de Basto, pelo decreto
de 31 de Dezembro de 1853. Finalmente, por decreto
de 13 de Janeiro de 1898, voltou a pertencer a
Mondim de Basto, concelho a que pertence até
hoje.
Esta localidade era inicialmente conhecida pelo
nome de Ovelhó (Oveliola). No entanto,
a história local refere que o termo Bilhó
ou Beilhós deriva de castanha assada debulhada.
Na sua toponímia é significativo
o topónimo Anta, provável reminiscência
de algum abrigo ou túmulo megalítico.
A presença de construções
dolménicas e necrópoles (das quais
de muitas já nem vestígios há)
nas planuras do Alvão e em algumas chãs
do Marão provam-nos que este
maciço montanhoso foi habitado pelo menos
desde o segundo milénio antes de Cristo.
Os numerosos castros cujas ruínas ainda
hoje se deparam pelos cimos de muitos cabeços
da região, testemunham-nos, segundo se
crê, a continuidade do povoamento durante
o primeiro milénio antes de Cristo. O povoamento
inicial das terras de Bilhó poderá,
assim, ter-se efectuado a partir de uma dessas
fortificações castrejas. As ruínas
de extenso recinto muralhado, englobando os cabeços
dos montes Farinha, Palhaços e Palhacinhos,
sugerem-nos a hipótese de um centro administrativo
e religioso das populações que habitavam
o território do actual Concelho de Mondim
de Basto. Também idênticas ruínas
no Alto da Subidade sobre Ribeira de Pena nos
sugerem a probabilidade de outro idêntico
centro político das populações
situadas mais ao norte. Com a romanização
foram surgindo nas terras mais baixas as “villas”
rústicas, núcleos iniciais dos nossos
modernos povoados, integradas porventura em células
sociais continuadoras da organização
castreja, e que estariam na base da organização
paroquial que se seguiu à reconquista cristã.
É o tempo da administração
por condados, depois substituídos pelas
tendências, e mais tarde ainda pelos julgados.
No século XII, assiste-se a um poder discricionário
dos representantes régios contra o qual
pouco poderia a antiga tradição
municipalista, ainda persistente numa ou outra
“beetria” (como a de Ovelha, nas faldas
do Marão), e palidamente restaurada por
alguns povos, como os de Ermelo e Bilhó
ao arrancarem aos reis a concessão de cartas
de foral. Foi neste contexto que D. Sancho I,
em Abril de 1196, concedeu carta de foral a Ermelo,
extensiva à freguesia de Bilhó.
Esta carta foi confirmada aos “povoadores
de Ermelo e Oveloo”, em Março de
1218 por D. Afonso II. Nas Inquirições
de 1220, mandadas efectuar por este
monarca, Bilhó é referenciada em
conjunto com Ermelo, e pertencia à “terra”
de Celorico. A povoação aparece
sob o nome de “S. Salvador de Oveloo”.
A 3 de Junho de 1514, D. Manuel I outorga foral
novo a Ermelo, integrado no de S. Cristóvão
de Mondim, conjuntamente com os de Atei e Cerva.
Por este foral, cada morador de Bilhó pagava
ao rei, anualmente, 45 soldos,
os viúvos metade desse valor, os solteiros
5 soldos, e os órfãos nada pagavam.
Pagava ainda a igreja de Bilhó 48 réis
e meio de renda, por ano. Todos os tributos eram
pagos em Ermelo. Poucos anos depois, em 1527,
D. João III manda fazer o “Cadastro
da População do Reino”. A
“aldea de Vilhoo” registou então
15 fogos, onde habitariam cerca de 60 pessoas.
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